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Sambando na arte

Primeiro post de fevereiro não poderia ser diferente, ta certo que o carnaval é uma chatice como todo o seu samba repetitivo tocando em cada esquina da cidade, os engarrafamentos por causa das festas de rua, sem contar o ânimo dos meliantes das ruas que adoram assaltar nessa época festiva e alegre do ano. Mas não podemos deixar de dar um crédito aos desfiles de escolas de samba que, cada vez mais, tem uma importância, não só econômica e turística para nosso país, mas também cultural e artística.

Não só para enfeitar a cidade as escolas desfilam na avenida, os protestos cheios de ironia e humor negro estão crescendo na Sapucaí. Carros alegóricos censurados são a maior prova de que a arte dos carnavalescos também pode incomodar, o próprio samba já não tem mais o mesmo valor num desfile, são milhões gastos por ano, ensaio para performances e sabe-se lá mais quanta seriedade no assunto. A tecnologia vem vencendo o academicismo sem fugirem da tradicionalidade cultural da festa.

Joãozinho Trinta foi um dos principais, se não o principal, dos vanguardistas do carnaval com direita a homem voando na Sapucaí e expressões fortes desde as cores até as ilustrações e figuras expostas. Chegou a ponto de ter seu carro alegórico vetado e mais alguns montes criticados e descriminados. No mesmo nível, só que mais contemporâneo o jovem Paulo Barros vem surpreendendo a cada ano com suas alas coreografadas, carros feitos de um só material.

Barros também teve seu carro vetado este ano, processo movido pela associação dos israelitas, pois retratava vários judeus mortos e Hitler triunfante no centro do carro. Sejamos racionais, o carnavalesco tratava de coisas arrepiantes e nada mais arrepiante que um bando de cadáveres mortos durante um período histórico da nossa sociedade. A proibição do carro só mostra como ainda vivemos num país cheio de censura, onde não temos a liberdade de nos expressarmos da forma que bem entendermos. Mas o carnavalesco se saiu muito bem e fez um arrepiante carro todo branco com frases criticando a falta de liberdade, pessoas amordaçadas e no lugar do Fürher um Tiradentes triste e calado. Espero continuar vendo artistas como este crescendo na arte carnavalesca dos desfiles de escolas de samba, destes que mesmo não vencendo o campeonato, mostram e marcam suas idéias.

Comentários

Wagner Dias disse…
Parabéns pelo blog. Vc escreve bem! Tudo de bom pra vc! Sucesso, sempre! Inté.

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